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Manifesto da AVM em prol à Cinemateca

Nós, membros da AVM (Associação de Moradores da Vila Mariana), preocupados com a situação atual da Cinemateca Brasileira (vide abaixo assinado https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/governo_federal_secretaria_especial_de_cultura_sec_cinemateca_brasileira_pede_socorro/), queremos chamar a população da Vila Mariana e de São Paulo a cobrar ações governamentais, para evitar a iminente paralisação de suas atividades. Isso geraria riscos graves de incêndio no material inflamável (rolos de filme em nitrato com mais de 80 anos) ali presente, colocando em risco as pessoas vizinhas, suas casas e o patrimônio arquitetônico histórico, tão fundamental ao nosso Bairro.

A importância desse material cinematográfico transcende o setor audiovisual, atuando na preservação da própria memória e identidade brasileira. Está estabelecida num edifício de grande importância histórica para a cidade: o antigo Matadouro Municipal (1884/1887 projeto do eng. Alberto Kuhlmann), em torno do qual se originou o bairro industrial da Vila Mariana. Com um amplo terreno de 24.000m2 e jardim aberto para a comunidade, comporta um anfiteatro, deck com telão ao ar livre para exibições de filmes, biblioteca e midiateca, laboratórios, café, 2 salas de cinema, galeria de exposições temporárias, entre outras, e seu rico acervo é aberto a consulta pública. Um espaço de memória, cultura e lazer integrado que os paulistanos  amam e desfrutam como um parque industrial  cultural e histórico. “A Cinemateca Brasileira é a instituição responsável pela preservação e difusão da produção audiovisual brasileira. Tem o maior acervo da América do Sul, formado por cerca de 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema, como fotos, roteiros, cartazes e livros, entre outros”(http://cinemateca.org.br/institucional/).


O respeito à memória e o esforço para tornar possível o restauro completará em 2021, 40 anos. O edifício foi tombado pelo Condephaat em 1985 e pelo Conpresp em 1991. Remonta aos primeiros esforços do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) na investigação histórica para a proposta de reconstituição de suas características originais (em 1981-83), e passou por uma segunda intervenção (em 1989-1993) quando a administração municipal cedeu o espaço à Cinemateca Brasileira, agenciada pelo Ministério da Cultura-  Fundação Pró-Memória-  Cinemateca Brasileira. O projeto desenvolvido pelo escritório de Marlene Yurgel, Lucio Gomes Machado e Eduardo de Jesus Rodrigues, adotou a relação entre o "antigo" (reconstituição dos aspectos originais) e o "novo" (adoção de sistemas construtivos industrializados e modulares para os espaços novos). Na última intervenção (em 2000-2007) feita pelo escritório do arquiteto Nelson Dupré, a continuidade do projeto se concentrou especialmente em elementos novos, dentre os principais, os caixilhos em aço na cor preta; a utilização de superfícies envidraçadas em substituição aos portões de madeira, garantindo a permeabilidade visual entre interior e exterior.

Como brasileiros e população interessada no pleno funcionamento dessa Instituição, solicitamos, da Secretaria Especial da Cultura:

- repasse da verba do orçamento anual de 11 milhões, destinado à instituição, para o prosseguimento das atividades normais e garantia da manutenção do acervo e do conjunto de instalações dos edifícios tombados;

- esclarecimentos sobre a possível mudança do regime de gestão e a destituição do seu corpo técnico, formado ao longo de muitos anos, alguns com mais de três décadas de casa;


- esclarecimentos sobre o motivo do cancelamento do contrato com a ACERP, a Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto, que estaria em vigor até 2021, empresa responsável por cuidar do acervo;

- informações de como está sendo mantido o acervo de filmes e documentos, que necessitam de condições ideais (com temperaturas de 10,5°C e 15,5°C) para preservação, sendo que além da climatização, a segurança do acervo depende de manipulação, limpeza e aeração, ou seja, um manejo essencial e constante por parte dos técnicos;

- informações sobre as medidas que estão sendo tomadas para que se evite um novo incêndio no acervo. Sabemos que o material é muito inflamável (nitrato de celulose) e já houve quatro incêndios na sua história, sendo o último em 2016.


Convidamos a todos para que compartilhem essa publicação, o abaixo-assinado e se manifestem a favor da Cinemateca. Esse acervo, de mais de 100 anos, é muito precioso para a memória do Brasil e a cultura nacional.

A proximidade geográfica dos moradores da Vila Mariana faz com que o convívio com a Cinemateca seja muito presente na vida do Bairro, mas a instituição Cinemateca Brasileira é muito querida e respeitada pelos paulistanos e em todo mundo,   que reconhecem o esforço de muitos, e de muitos anos para se ter um equipamento cultural de excelência para a cidade e para a memória brasileira, hoje, ameaçado em seu futuro próximo!

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